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DIA NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO EM BH APONTA O DESCASO DO ESTADO PARA COM OS OFICIAIS DE JUSTIÇA

DIA NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO EM BH APONTA O DESCASO DO ESTADO PARA COM OS OFICIAIS DE JUSTIÇA

Os Oficiais de Justiça em Belo Horizonte também promoveram, nesta quinta-feira (11), ato público em frente ao TRT para homenagear os Oficiais de Justiça Francisco Pereira Ladislau Neto (TRT/RJ) e Sandra Regina Ferreira (TJ/DFT) assassinados brutalmente enquanto exerciam a função. A mesma atividade foi realizada em vários estados do Brasil, denominada de “Mobilização Nacional Pela Segurança do Oficial de Justiça”, a fim de mostrar a população o risco que esses servidores correm durante o trabalho e, ainda, fazer um apelo ao Estado por mais segurança para os oficiais. A manifestação em Belo Horizonte foi realizada com a parceria entre Fenassojaf, Assojaf-MG e Sitraemg.

O ato público contou com a presença de dezenas de Oficiais de Justiça do TRT e da Justiça Federal e colegas de outros segmentos. Além destes, participaram da mobilização o diretor de comunicação da Fenassojaf, Helio Diogo e os coordenadores do Sitraemg, Célio Izidoro e Mário Alves; além de  Claudio Amaro e Welington Gonçalves, presidente e vice-presidente, respectivamente, da Assojaf-MG; o coordenador nacional da Fojebra, Wander da Costa Ribeiro e o Frei Carmelita Gilvander Moreira.

Claudio Amaro fez a abertura do ato e destacou que, este dia de luto é também o de luta. “Atirar na gente é atirar também na República, na Constituição”, lamentou, relembrando os bárbaros crimes contra aqueles e vários outros colegas de profissão. Chamou a todos a abraçarem a causa dos Oficiais por maior segurança, incluindo a autorização ao porte de arma para uso em legítima defesa.

Muito emocionado, Welington Gonçalves disse que a voz dos Oficiais de Justiça tem que chegar a Brasília, e uma mudança drástica tem que acontecer para que estes servidores possam trabalhar com tranquilidade. “Merecemos mais respeito por parte dos nossos patrões”, clamou, citando os inúmeros depoimentos de colegas que já sofreram e dos que vem sofrendo agressões durante a execução dos trabalhos. “Somos nós, lutando por nós mesmos”, lamentou Gonçalves, pedindo que os tribunais façam uma reestruturação a fim de que os Oficiais tenham acesso à segurança.

Frei Gilvander destacou que a realização daquele ato bem como os que aconteciam em outras partes do país era sinal de benção, pois sinalizava a luta. Gilvander destacou que, numa sociedade capitalista, a ética e o amor ao próximo dentre outros, só são conquistados a partir da união em luta. Lembrou, ainda, de todas as classes trabalhadoras que clamam por direitos junto à categoria de opressores do país. “O Estado brasileiro não é apenas ausente, mas sim, omisso”, lamentou, lembrando que o ser humano deve crescer na consciência como classe trabalhadora. Em seguida, em profunda reverência à Sandra Regina e a Francisco Ladislau, Frei Gilvander convidou os colegas para rezarem o “Pai Nosso”.

O diretor da Fenassojaf, Hélio Diogo, lamentou a falta de treinamento e de segurança por parte do Estado, para os oficiais, ao ingressarem no serviço público. “O estado dá reposta ao Capital e não se preocupa com a nossa segurança, que vamos a locais de alto risco, onde não somos bem quistos e sofremos ameaças”. Ele também questionou se os oficiais são pagos para morrer ou para carregarem esse sofrimento moral para toda a vida. “O agente do Estado é fortemente ofendido e os tribunais não fazem nada”, finalizou.

Wander Ribeiro disse ver a classe dos oficiais sendo desmoralizada durante o trabalho. “Somos considerados como peças descartáveis, bem como a grande maioria das classes trabalhadoras e, ainda, a nós, oficiais, que fazemos valer a lei, não é oferecida nenhuma medida de segurança”. Ribeiro destacou as dificuldades desses servidores quando têm que adentrar em uma favela e também como abordar o indivíduo que será notificado.

O sindicalista informou que a Fenassojaf e Fojebra pediram ao Conselho Nacional de Justiça que crie normas de segurança para os Oficiais de Justiça, como, o direito ao porte de arma para autodefesa (já com sinalização positiva por parte daquele Conselho), pistola de choque, colete a prova de bala e curso de autodefesa. “Precisamos ter mais atitude; fomos agredidos com os últimos acontecimentos. Precisamos, também, ser mais solidários com outros trabalhadores”, destacou Wander Ribeiro.

Célio Izidoro lembrou os mais de dez anos da Chacina de Unaí e que até hoje não foram realizados os julgamentos e condenações de todos os envolvidos no crime. “Até que ponto vamos confiar no Estado para nos garantir segurança?”, questionou o coordenador sindical, chamando os colegas para denunciarem o descaso dos tribunais e Estado para com os oficiais, exigindo melhores condições de trabalho a fim de dar um “basta” nos assassinatos.

A oficiala de justiça e ex-presidente da Fenassojaf, Lúcia Bernardes, presente ao ato, também lastimou os últimos assassinatos além das dificuldades encontradas pelos colegas durante a execução dos trabalhos.

Fonte: Sitraemg